Pesquisas recentes apontam que 37,5% das mulheres brasileiras foram vítimas de algum tipo de violência – física, sexual ou psicológica – nos últimos 12 meses, o que corresponde a 27,6 milhões de mulheres. A violência psicológica lidera os índices, atingindo 31,4% das entrevistadas, seguida da violência física, com 16,9%. O cenário é ainda mais alarmante para as mulheres negras, pois, segundo o DataSenado, 85% delas convivem com o agressor por falta de independência financeira.
Nesse cenário, o empreendedorismo feminino é uma importante ferramenta de emancipação, capaz de mudar a realidade dessas mulheres. Dados do Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) indicam que 34% das empreendedoras já sofreram agressões em relações conjugais e 48% conseguiram romper com essas relações abusivas após iniciarem seus próprios negócios. Além disso, 81% das mulheres que empreendem afirmam ter mais autonomia em suas vidas e 72% se declaram total ou parcialmente independentes financeiramente.
Apesar desses avanços, os desafios ainda continuam. Segundo pesquisa do Sebrae, 42% das empreendedoras já testemunharam situações de preconceito contra outras mulheres em cargos semelhantes, enquanto 25% sofreram discriminação.
A questão de gênero e raça agrava ainda mais essa situação, pois 71,2% das empreendedoras negras relatam experiências de racismo, especialmente entre as que são mães solo, grupo que representa 48% dessas mulheres.
Diante dessa situação, é fundamental que entidades como o CMEC-Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura apoiem políticas públicas que promovam a autonomia financeira das mulheres, que incentivam o acesso ao crédito, ofereçam capacitação e fomentem redes de apoio. O empreendedorismo feminino também precisa ser reconhecido como um espaço legítimo de poder, liderança e transformação social.
Integrar os valores do Agosto Lilás no dia a dia das empreendedoras significa denunciar a violência e o preconceito em suas formas mais sutis, além de reforçar a importância da legislação e da autonomia econômica como pilares para garantir o direito de todas as mulheres a viverem e empreenderem com liberdade e segurança.
Mais do que um mês de conscientização, o Agosto Lilás deve ser um chamado à ação pois, somente com solidariedade, apoio mútuo e fortalecimento da independência feminina é que será possível transformar essa realidade.