A proposta mira apuração de denúncias de irregularidades administrativas, financeiras e institucionais nas 27 entidades estaduais que compõem a base da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
A proposta ganhou força após reportagens da Revista Piauí, reproduzidas pelo jornal Folha de S.Paulo, revelarem supostos abusos cometidos por dirigentes dessas federações. Entre as denúncias estão práticas de favorecimento político, salários milionários incompatíveis com a realidade dos clubes e perpetuação de famílias no comando das entidades.
“O futebol brasileiro precisa ser passado a limpo. Estamos diante de estruturas que operam como feudos, com dirigentes que se eternizam no poder enquanto clubes históricos agonizam por falta de apoio”, destacou Alexandre Guimarães.
O parlamentar cita casos como o da Federação Tocantinense de Futebol, presidida há 36 anos por Leomar Quintanilha, que passou a receber R$ 215 mil por mês de salário, enquanto clubes locais, como o União de Araguaína — campeão estadual de 2025 — não receberam sequer premiação financeira. Outro exemplo citado foi o da Federação Roraimense, que mantém a mesma família no comando há mais de quatro décadas.
Entre os pontos que a CPI pretende investigar estão:
- Critérios de eleição e reeleição dos presidentes das federações;
- Uso dos recursos financeiros e sua compatibilidade com as demandas dos clubes;
- Indícios de nepotismo e formação de oligarquias esportivas;
- Relações entre federações e a CBF que possam influenciar decisões e repasses de verba;
- Supostos privilégios salariais e benefícios irregulares concedidos a dirigentes;
- Destinação final dos recursos públicos e privados recebidos pelas federações.
Caso seja instalada, a CPI terá 27 membros titulares e o mesmo número de suplentes, com prazo inicial de 120 dias, prorrogáveis. As assinaturas dos deputados já estão sendo coletadas.
“Não se trata apenas de investigar denúncias, mas de garantir justiça aos clubes, atletas e torcedores que carregam nas costas a paixão pelo nosso futebol. Precisamos romper esse ciclo de impunidade e colocar a verdade em campo”, concluiu Guimarães.