A vítima é alguém que espera por reparação. Esperar por reparação pode ser algo inalcançável, por exemplo, a pessoa te frustrou, magoou, trouxe traumas e após toda esta bagunça que fez na sua vida você continua sabendo que ele segue fazendo o mesmo com outras pessoas. Ele segue "se dando bem". Isso continua te causando angústia e sua vida segue paralisada.
Não é sobre culpa que temos que falar aqui. Mas de responsabilidade.
"Qual é a sua responsabilidade na desordem da qual se queixa" Sigmund Freud
Você pode passar o resto da vida esperando por reparação, reconhecimento, que a outra pessoa entenda que errou, e isso fará sua vida ficar paralisada na espera, ou você poderá entender que os erros dele não são sua culpa e romper com esta espera para seguir sua vida. E neste caso, esta decisão é sua responsabilidade.
É sua responsabilidade descobrir qual é o seu lugar. Se você vai resistir ou continuar sendo abusada, afinal mesmo no rompimento do ciclo do relacionamento se você ficar presa no passado e a espera de reparação, seguirá sendo vitimada pela presença da dor, sofrimento geradores de angústia e sintomas com transtornos psíquicos.
Um exemplo:
Uma vítima de relacionamento abusivo com sua mãe sofre muito, mas não consegue sair da relação de abuso. Ela está sempre buscando reparação por parte da mãe, ela presenteia, tenta enquadrar-se na moral materna, entrega quase todo salário para mãe, faz de tudo e não adianta nada, a mãe segue sendo tóxica e a tratando com violência emocional e psicológica.
Pergunto: por que ela não consegue romper com isso? Ela responde que teria que abrir mão de muitas coisas como por exemplo: Ter que sair da casa da mãe (onde não paga aluguel), arrumar uma renda extra, que seria muito pesado chegar em casa e ter que lavar, passar, cozinhar...
Respondo: Seria um grande desafio, não é? Ter que organizar toda sua vida para ser independente da mãe e assim fazê-la perder o poder sobre você, não é?
Então, a responsabilidade desta vítima da mãe abusiva é se organizar para fazer tudo isso e sair da casa da mãe, que é um lugar de conforto.
O lugar de conforto não é um lugar agradável, é um lugar onde a pessoa está acostumada e que não lhe oferece desafios. Ali tem sofrimento gerado pela relação abusiva, mas tem um ganho secundário que é a mãe providenciar a manutenção das tarefas domésticas. A pessoa abusiva usa deste tipo de artifício para aprofundar a dependência do abusado assim quanto mais dependente, mais submisso ao abuso se tornará.
É responsabilidade do abusado romper com isso.
Veja que estou falando muito em responsabilidade e não culpa. Não é sua culpa o que a outra pessoa faz contra você, mas se libertar é sua responsabilidade, se você não consegue fazer isso sozinha, peça ajuda, busque terapia, tente entender seus processos para romper com este tipo de situação adoecedora.
Esperar por reparação e reconhecimento poderá ser uma espera sem fim, enquanto isso sua vida estará passando sem que você esteja realmente vivendo.
Vamos cuidar da saúde mental?
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Hismênia Vidal Xavier Psicóloga Clínica/Psicanalista/Especialista em Saúde Mental. CRP 11/10421
Atendimento Online e Presencial. Agendamento: +55(88)99626-5028
Imagem: "Melancolia"
Edvard Munch - óleo sobre tela - 1894 - (National Gallery (Oslo, Norway))
Edvard Munch acreditou que os humanos são desamparados no amor e morte, sua arte muitas vezes representa emoções do desespero e ansiedade.